sexta-feira, 26 de abril de 2013

O Ás das Copas



Ontem, durante a aula, iniciamos uma discussão acerca dos possíveis benefícios e prováveis prejuízos que a FIFA trará para o Brasil, com a Copa do Mundo de 2014.
É necessário, antes de entrar na discussão mais aprofundada, ressaltar que o evento, em si, é importante. Esporte (de toda sorte, não só o futebol) é algo saudável, em todos os sentidos: promove o bem estar, inspira crianças, promove o senso de coletividade, o companheirismo e até disciplina o instinto de competitividade, além de, no caso de um evento internacional, promover o contato entre diferentes culturas.
No entanto, sabemos que a preocupação do governo brasileiro, das grandes multinacionais (empresas que têm operação em mais de um país, como McDonald’s, Heineken, IBM, Microsoft, etc.) e da FIFA não é nenhum dos itens citados. Eles almejam uma só cosia: o lucro!
É assim que o capitalismo funciona. O evento trará estrangeiros que gastarão seus dólares por aqui, isso vai incentivar o comércio, vai aumentar a arrecadação de impostos e ainda distrair o povo, além de gerar emprego e deixar o pobre feliz. Percebam que é bem possível que enquanto nós estaremos em transe, curtindo o nosso ópio (no caso, o futebol, a competição), é possível que várias leis sejam aprovadas, sem que participemos das discussões acerca dela.
Enfim, sobre a Copa do Mundo há muito que se falar. Mas, respeitando o tema da última aula, vou me prender às concessões que foram (e ainda serão) abertas às multinacionais. Não é necessário falar dos benefícios fiscais, ou seja, as empresas terão redução em seus impostos. Por quê? Para que se gere mais empregos. O problema está em uma pergunta: Quais as condições de trabalho? Peguemos, como exemplo, uma empresa: o Mc Donald’s. Vocês podem verificar as denúncias de má condições de trabalho no Mc Donald’s lendo algumas notícias: CLIQUE AQUI, AQUI e NESTE OUTRO. Vemos, portanto, que "gerar emprego" não deve ser visto como algo acima do bem e do mal, vemos, enfim, que "gerar emprego" traz preços altíssimos aos trabalhadores, sejam eles contratados ou não.
Um outro exemplo, que também envolve o restaurante do palhaço, é a probição da venda do acarajé baiano. Isso para que os estangeiros comam aqui a mesma comida que comem em seus países e porque os patrocinadores não se contentam em divulgar sua marca, eles querem vender acima de tudo, mesmo que para isso eles tenham que tirar a liberdade que as pessoas têm de trabalhar. Você pode ler sobre a proibição do acarajé clicando aqui. Vale lembrar que o acarajé foi considerado patrimônio cultural não material pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)
O último exemplo não esgota a lista e nem é o menos importante. Aliás, talvez este seja o exemplo mais importante porque não remete à Copa do Mundo e, sim, à Copa das Confederações, também promovida pela FIFA. Neste caso, a gigante do futebol pretende proibir a tradicional festa junina em Salvador. O motivo? A aglomeração de pessoas iria desviar a atenção das propagandas dos patrocinadores do evento. Não acredite em mim, confirme clicando aqui.
Pois bem, como se não bastasse essa cadeia de eventos, tanto a Copa do Mundo como a Copa das Confederações conta com mão de obra voluntária, o que quer dizer: ninguém recebe nada para trabalhar. Ou seja, os grandes investidores ocupam o seu espaço, te proíbem de se manifestar artisticamente e ainda te exploram sem pagar ABSOLUTAMENTE NADA por isso. Depois de saber tudo isso, vale a pena gritar gol?

3 comentários:

Unknown disse...

A questão da copa me intriga já faz muito tempo, vou mais afundo no assunto, a obra do itaquerão,futuro estadio do corinthians, programa de televisão,chamado "A Liga" da Band, fez uma reportagem numa comunidade ao lado do furo estadio.


Sophia Reis conversa com famílias que estão vivendo um drama: a desapropriação da casa por causa das obras do Itaquerão. Após perderem a moradia, recebem R$ 300 por mês da Prefeitura pelo auxílio aluguel.

Da para imaginar a abertura da copa do mundo assistida por praticamente todo o mundo,filmando o lindo estadio do itaquerão por cima,obvio que não poderia haver uma favela ao lado, então simplesmente arrancam as pessoas de suas casas e dão 300 reais por mês para que elas possam alugar um lugar para morar na cidade de São Paulo. Não vou conseguir gritar gol.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Além disso, Igor, ainda podemos ter um problema como o da África do Sul. Lá, eles chegaram a demolir os estádios construídos para a Copa porque sairia mais barato demolir tudo do que fazer a manutenção de uma construção daquele tamanho!
Vejo que temos um elefante branco na sala... como vamos lidar com ele? Não tenho ideia... rs