Ontem, durante a aula, iniciamos uma discussão acerca dos
possíveis benefícios e prováveis prejuízos que a FIFA trará para o Brasil, com
a Copa do Mundo de 2014.
É necessário, antes de entrar na discussão mais aprofundada,
ressaltar que o evento, em si, é importante. Esporte (de toda sorte, não só o
futebol) é algo saudável, em todos os sentidos: promove o bem estar, inspira
crianças, promove o senso de coletividade, o companheirismo e até disciplina o
instinto de competitividade, além de, no caso de um evento internacional,
promover o contato entre diferentes culturas.
No entanto, sabemos que a preocupação do governo brasileiro,
das grandes multinacionais (empresas que têm operação em mais de um país, como
McDonald’s, Heineken, IBM, Microsoft, etc.) e da FIFA não é nenhum dos itens
citados. Eles almejam uma só cosia: o lucro!
É assim que o capitalismo funciona. O evento trará
estrangeiros que gastarão seus dólares por aqui, isso vai incentivar o
comércio, vai aumentar a arrecadação de impostos e ainda distrair o povo, além
de gerar emprego e deixar o pobre feliz. Percebam que é bem possível que
enquanto nós estaremos em transe, curtindo o nosso ópio (no caso, o futebol, a
competição), é possível que várias leis sejam aprovadas, sem que participemos
das discussões acerca dela.
Enfim, sobre a Copa do Mundo há muito que se
falar. Mas, respeitando o tema da última aula, vou me prender às concessões que
foram (e ainda serão) abertas às multinacionais. Não é necessário falar dos
benefícios fiscais, ou seja, as empresas terão redução em seus impostos. Por
quê? Para que se gere mais empregos. O problema está em uma pergunta: Quais as
condições de trabalho? Peguemos, como exemplo, uma empresa: o Mc Donald’s.
Vocês podem verificar as denúncias de má condições de trabalho no Mc Donald’s
lendo algumas notícias: CLIQUE AQUI, AQUI e NESTE OUTRO. Vemos, portanto, que "gerar emprego" não deve ser visto como algo acima do bem e do mal, vemos, enfim, que "gerar emprego" traz preços altíssimos aos trabalhadores, sejam eles contratados ou não.Um outro exemplo, que também envolve o restaurante do palhaço, é a probição da venda do acarajé baiano. Isso para que os estangeiros comam aqui a mesma comida que comem em seus países e porque os patrocinadores não se contentam em divulgar sua marca, eles querem vender acima de tudo, mesmo que para isso eles tenham que tirar a liberdade que as pessoas têm de trabalhar. Você pode ler sobre a proibição do acarajé clicando aqui. Vale lembrar que o acarajé foi considerado patrimônio cultural não material pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)
O último exemplo não esgota a lista e nem é o menos importante. Aliás, talvez este seja o exemplo mais importante porque não remete à Copa do Mundo e, sim, à Copa das Confederações, também promovida pela FIFA. Neste caso, a gigante do futebol pretende proibir a tradicional festa junina em Salvador. O motivo? A aglomeração de pessoas iria desviar a atenção das propagandas dos patrocinadores do evento. Não acredite em mim, confirme clicando aqui.
Pois bem, como se não bastasse essa cadeia de eventos, tanto a Copa do Mundo como a Copa das Confederações conta com mão de obra voluntária, o que quer dizer: ninguém recebe nada para trabalhar. Ou seja, os grandes investidores ocupam o seu espaço, te proíbem de se manifestar artisticamente e ainda te exploram sem pagar ABSOLUTAMENTE NADA por isso. Depois de saber tudo isso, vale a pena gritar gol?